O setor da construção civil, que já foi um dos maiores geradores de empregos diretos e indiretos movimentando cerca de R$ 80 milhões por ano para economia de Iguatu, apresenta queda. Entre os fatores segundo os construtores estão o sistema burocrático além da falta de incentivos governamentais.

No loteamento Novo Altiplano, uma das áreas mais valorizadas e que mais cresceu em Iguatu nos últimos anos, o cenário que até pouco tempo era de grande movimentação de máquinas e operários trabalhando na construção de casas, praticamente está parado. A construção civil em Iguatu já chegou a contar até o ano passado com cerca de 80 pequenas e médias construtoras, atualmente menos da metade estão em atividade, e quem continua reclama da falta de incentivos e da burocracia que trava os processos para o setor. “Desde a questão do financiamento, passando pela seara de cartórios, pela questão da Receita Federal, que teve uma alta gigantesca na tributação, aqui em Iguatu, que tem o ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), um dos mais caro do Ceará, além de outras dezenas de fatores que não contribuem com o bom desenvolvimento e agilidade do nosso setor. Não existem ajudas, mas dificuldades. A cada dia aparece uma pessoa para dificultar”, afirma o construtor Elenilton Lopes.

Com isso, a área que já foi uma das maiores geradoras de empregos direto na cidade com mais de mil postos de trabalhos até ano passado, reduziu em torno de 40%. Quem depende desse trabalho tem medo de perder a vaga. “A gente teme, porque aqui até ano passado tinha mais de 40 pessoas trabalhando com a gente. A gente construiu 25 casas. Esse ano, até agora somente, três. A gente tem medo, porque é daqui que a gente tira o sustento da família”, lamenta o pedreiro, encarregado de obras, Bonfim Dias.

Desaceleração

Diante desse cenário, o setor da construção civil que vinha até otimista em 2019 agora apresenta queda. De acordo com a Associação dos Construtores, somente no município de Iguatu a construção de casas sofreu queda em torno de 75%. “Com a chegada da pandemia em 2020, o impacto na economia foi sentido, principalmente no que diz respeito à inflação dos insumos. Os imóveis tiveram que subir de preço, a gente teve que repassar esses valores. O salário estagnado, a dificuldade já começou por aí”, aponta Humberlan Pinheiro, presidente da Associação de Construtores do Centro-Sul do Ceará.

A circulação de renda no município também fica prejudicada. Em média o setor movimenta cerca de R$ 80 milhões por ano, principalmente através de recursos do programa federal Casa Verde Amarela (Antigo Minha Casa, Minha Vida). De acordo com levantamento da Associação de Construtores, este ano apenas quatro estados brasileiros tiveram maior movimentação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) em mais de 50% de recursos: Goiás – 81,99%, Paraná 71,41%, Rio Grande do Sul 65,08% e Santa Catarina 61,82%. O Ceará utilizou apenas 29,17%. Se comparamos com anos anteriores, a situação aponta desaceleração no setor. “Nós do Ceará utilizamos pouco mais de 29% do recurso existente, ou seja, até o fim do ano, não vamos consumir nem 60%, quer dizer, vai sobrar recursos. O que isso aponta? Que o mercado não está vendendo, não está atuando. E as dificuldades são essas elencadas por nós”, ressalta Pinheiro.

Nossa reportagem procurou a prefeitura de Iguatu, por meio da assessoria de comunicação, mas até o fechamento da matéria, não obtivemos respostas.

Do Jornal A Praça

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